terça-feira, 26 de maio de 2015

A Juventude quer viver!

É assustadora a quantidade de sinais de morte e extermínio de nossa juventude atualmente, chegando a se tornar algo banal em nossas vidas, principalmente nos meios de comunicação, algo que vemos e achamos normal pois vimos situações parecidas ontem, anteontem e assim por diante, porém, tal banalização não pode ser dissolvida em nosso cotidiano sem um olhar crítico sobre este fato, que tem como vítima, em média, 54 jovens por dia no Brasil (RITLA), também, conforme dados recentes do mapa da violência no país entre os anos de 1980 e 2012 a população teve um crescimento em torno de 61% enquanto que os assassinatos por arma de fogo cresceram 387%, agravando-se entre os jovens com percentual superior a 460%. E tal situação torna-se mais dolorosa ao observarmos que a cada dez jovens que morrem por homicídio, sete são negros, já fragilizados por um histórico de exclusão e preconceito.
Diante dessa situação, deparamo-nos com outra polêmica com relação a violência e o jovem no Brasil, chamada de PEC 171/93, que visa a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Em uma cultura acostumada a punir e não educar, é recorrente a manifestação favorável a redução da punibilidade como forma de redução da criminalidade. Porém de acordo com o artigo “Não a redução da maioridade penal” do Boletim do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, as infrações cometidas por adolescentes no Brasil corresponde a menos de 10% dos crimes praticados (ILANUD), sendo estimado em 1% os casos de homicídios (Ministério da Justiça). Por tanto, podemos considerar que a redução da maioridade penal não surtirá efeito na redução significativa da criminalidade, mas propiciará a segregação e estigmatização de jovens que, geralmente já sofrem com privações impostas pelo próprio meio vivente, uma vez que a maior parte dos menores infratores, advém de uma situação de pobreza e abandono.
Em vigor há 25 anos, o Estatuto da Criança e do Adolescente responsabiliza o adolescente, a partir dos 12 anos, por qualquer ato contra a lei, aplicando-lhe as medidas socioeducativas. Assim a informação que alega a impunidade para adolescentes infratores não procede. Onde essas medidas são corretamente aplicadas, o índice de reincidência do adolescente infrator é muito baixo. Deixando claro que essa medida apenas irá reforçar a política de encarceramento em um país que já tem a quarta maior população carcerária do mundo. Ao invés de aprovarem a redução da maioridade penal, os parlamentares deveriam criar mecanismos que responsabilizem os gestores por não aparelharem seu governo para a correta aplicação das medidas socioeducativas.
Diante disso a busca por soluções socioeducativas que realmente visem a promoção, educação e reintegração do jovem de maneira efetiva e consciente, trará mais resultados, do que inseri-lo em um ambiente no qual ele apenas aperfeiçoará suas capacidades criminosas. Em vista disso, mais do que refletir sobre as situações apresentadas, é necessário nos referimos também aos inícios e meios que levam aos jovens este triste fim, como a falta de oportunidades de trabalho, educação de baixa qualidade e necessidade políticas públicas eficazes que promovam a vida plena da juventude. Meios estes que dentre outros, acreditamos serem de suma importância para o desenvolvimento do jovem como protagonista de sua própria vida. Respeitar e oportunizar que essa juventude possa situar-se no mundo e projetar-se nele como pessoa feliz é tarefa de todas as instituições desde a família, grupos de jovens, escola, trabalho, Igrejas, sindicatos, associações. Mas é na política que encontramos mecanismos para oportunizar o crescimento de cada um em todos os sentidos, com direitos garantidos pela Constituição Federal e Estatuto da Juventude que permitem a criação de políticas públicas de defesa, e incentivo a juventude, garantindo a estes, seus direitos essenciais de saúde, lazer, educação, cultura etc., de maneira que o jovem seja vivo, ativo e político em nossa sociedade.

A Igreja dentro deste processo
Campanha Nacional da PJ, Chega de
Violência e Extermínio de Jovens
A Igreja no Brasil sabe disso e foi com isso em mente que em 2004, que a Casa da Juventude Pe. Burnier iniciou a campanha “A Juventude Quer Viver”, buscando trazer esta discussão para dentro da igreja por acreditar ser seu dever como missionária e corpo de Cristo. Assim a campanha foi sendo assumida por diversos grupos, congregações, entidade, prefeituras, Pastorais da Juventude e outras pastorais da Igreja. Segundo o site PJ Brasil, “O Projeto A Juventude quer Viver nasce na fidelidade ao projeto de Jesus que nos envia em missão para que todos tenham vida e vida em abundância (Jo 10,10). Nasce da necessidade de no estágio da militância do Processo da Educação na Fé, e com base na rede de grupos de jovens em todo o Brasil, reunirem-se propostas e pautar políticas públicas e sociais de/com/para a juventude, como forma de promover sua participação e protagonismo, garantindo que os autores dessas instâncias sejam os próprios jovens promovendo a mobilização coletiva da PJ de forma mais organizada, orgânica e qualificada.” Assim a PJ Toledo, como a de todo o Brasil, assume a campanha e clama “Chega de Violência e Extermínio de Jovens” e se posiciona a favor da vida da juventude sendo contra a redução da maioridade penal.

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Giovani Bessegato – Coordenador Diocesano da PJ
Josiane Moreira – Coordenadora Decanato de Assis da PJ

Publicado originalmente na revista diocesana Cristo Rei, edição de Junho de 2015.

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