quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O ANEL DE TUCUM, SÍMBOLO DA “IGREJA DOS POBRES”

Foi na década de 70 que o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) adotou e divulgou o Anel de Tucum, hoje usado no mundo inteiro por quem assume a luta pelas causas populares, misturando-se com a sorte dos pobres da terra. O anel de tucum é um símbolo usado por aqueles que acreditam no compromisso preferencial das Igrejas com os pobres, com o objetivo de resgatar este compromisso e denunciar as causas da pobreza. Esse símbolo foi bem escolhido, pois assim como é penoso fazer o anel de tucum, também é árdua a luta por dignidade, vida, esperança e paz.
Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento os profetas e apóstolos afirmam a fidelidade de Deus aos pobres e oprimidos, pois Ele está do lado dos pobres porque ama os pobres. Por isso o cristão é chamado a seguir este mesmo exemplo de amor e opção preferencial que tenta promover a dignidade humana. No pobre revela-se o rosto do próprio Deus (Mt 25,40).
Dom Pedro Casaldáliga explica assim o sentido desta aliança: “(...) Este anel é feito a partir de uma palmeira da Amazônia. É sinal da aliança com a causa indígena e com as causas populares. Quem carrega esse anel significa que assumiu essas causas. E, as suas consequências. Você toparia usar o anel? Olha, isso compromete, viu? Muitos, por causa deste compromisso foram até a morte (...)". Dom Pedro Casaldálgia, era um grande representante dos adeptos ao uso do anel, e fez uma poesia que representava o que é acreditar nessa aliança:

O Anel de Tucum - Dom Pedro Casaldáliga

“... Chamar-me-ão de subversivo/
Eu responderei incisivo:/
O sou. Pelo meu povo que luta,/
Pelo meu povo que trilha apressado/
Caminhos de sofrimento./
Eu tenho fé de guerrilheiro/
E amor de revolução./
E entre Evangelho e canção/
Penso, e digo o que sei./
Se escandalizo, primeiro/
Eu me abrasei de Paixão/
Na cruz do meu Senhor!.”

Pastoral da Juventude e o anel de tucum
Além da Bíblia, a opção pelos pobres é testemunhada também por toda a tradição da Igreja, principalmente na América Latina, a partir do Concílio Vaticano II e das Conferências dos Bispos em Puebla e Medelin. Esta opção é a essência da vida cristã porque está ligada à imitação da vida de Cristo.
E este compromisso é levado a sério pelas Pastorais da Juventude, fazendo valer a luta pelas causas populares, se posicionando contra as opressões e preconceitos que a sociedade impõe sobre os excluídos, buscando levar os jovens à reflexão dessas causas, através dos encontros, formações e cânticos que remetem a vida sofrida e de grandes vitórias de nosso povo. A PJ Toledo se mantem em sintonia com a igreja do Brasil, assim, ao termino das etapas de formação (EDL), os jovens concluintes foram presenteados com um anel de tucum, simbolizando que aceitaram a causa, e agora estão em missão.
Em nossa diocese, trabalhando dentro de nossa realidade, a PJ vem buscando seu espaço, através de seu modo alegre de ser, promovendo campanhas em favor da vida da juventude, mantendo a juventude em missão e passando a todos os jovens dos grupos de base, através de sua formação integral, o respeito que devemos cultivar aos povos excluídos.
No mês de Junho, ao termino das Escolas Diocesana de Liderança (EDL), formamos 30 novos líderes jovens, que assumiram esta causa. São 30 novos anéis de tucum que veremos por ai, simbolizando e mostrando que nossa juventude esta ativa, em sintonia com a Igreja e buscando seus direitos como cidadão com muita reza, muita luta e muita festa.
  
Adilson Miguel Alberton 
Giovani Garcia Bessegato
Coordenação Diocesana da Pastoral da Juventude

Artigo publicado na Revista Diocesana Cristo Rei no mês de Agosto

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